Extraordinária e Ordinária

Ordinária já foi um xingamento sério antes do “Compadre Washington” incluir o vocábulo em outra categoria que eu não sei se é gíria, machismo ou elogio brejeiro.

Segundo o Dicionário Aurélio, ordinário pode ser tanto o que é comum, regular, frequente, quanto o que é sem caráter, reles, ruim.

O adjetivo extraordinária é pouco para definir a personagem Lula Mae Barnes/ Holly Golightly, criada pelo escritor estadunidense Truman Capote, pois além dela ultrapassar os limites do que é comum, regular, ela também extrapola as barreiras do que é ruim e sem caráter.

Pense em uma mulher

  • Agradável
  • Carismática
  • Imprevisível
  • Interesseira
  • Ingrata
  • Dissimulada
  • Covarde
  • Perversa

Agora misture essas “qualidades” numa embalagem pop, seguida por várias gerações como ícone de elegância e beleza e voilà:

Audrey Hepburn

Na minha modesta opinião, o comportamento da personagem não pode ser justificado por feminismo e pelo exercício da liberdade. Ela tem defeitos demais pra isso.

A personagem encanta e fascina gerações por ter sido interpretada pela Diva Audrey Hepburn, que a tornou uma “fraude verdadeira”, uma alma aventureira, doidinha, perdida, divertida, mas que não vale R$1,99.

Quem conhece as imagens da moça magrinha de enormes óculos escuros, coque banana, comendo croissant de luvas pela madrugada na quinta avenida, precisa descobrir que o conteúdo é bem mais profundo e interessante do que a embalagem, copiada de mil e uma maneiras por aí.

Nem precisa ler o livro de Truman Capote (nada contra!), basta assistir ao filme Bonequinha de Luxo, que é mais leve e, mesmo assim, bastante avançado para a época em que foi feito, 1961, para conhecer essa personagem tão emblemática e tirar suas próprias conclusões sobre o mito.

Não sei porque as sinopses descrevem que a personagem era uma socialite. Censura besta…

Quem quiser saber mais, recomendo que assista ao filme e/ ou continue lendo o post.

SPOILERS para quem tiver preguiça de ver o filme

Sem teto, ladra de galinhas, ovos e o que mais aparecer, aos 14 anos, Lula Mae seduz um fazendeiro viúvo na sua pequena e pacata cidade, que não só acolhe a menina e seu irmão como casa com ela!

A jovem enjoa da vida no campo e foge pra cidade grande.

Em NY, Lula Mae se torna Holly, vira garota de programa e informante de um mafioso.

Já instalada na cidade, Holly conhece um escritor/amante de uma mulher casada, que se apaixona por ela e decide deixar a vida fácil para viver um amor de verdade, mas ela continua interessada em dar o golpe do baú em algum desavisado custe o que custar e faz gato e sapato do coração do rapaz.

Bom filme pra quem se aventurar!

 

 

 

 

 

16 comentários sobre “Extraordinária e Ordinária

  1. Adorei seu post.
    Concordo plenamente com sua opinião: Lula Mae, apesar de carismática, não vale um prato de comida!!!!
    E chega a ser engraçado que, apesar disso, seu visual seja cultuado e copiado por gerações…
    Vai entender o ser humano…
    Até breve e parabéns mais uma vez pelo post.

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  2. Sabe, recentemente li este livro. Eu via tantas referências à “bonequinha de luxo” que decidi conhecer a obra.

    Me apaixonei pela Holly. Não assisti o filme ainda, mas me apaixonei pela Audrey também, por suas frases, seu estilo (pesquisei sua biografia).

    Não sei se é coisa da idade, mas acho o jeito como ela (Holly) leva a vida divertido; ela é solta, livre, não se apega nem ao gato, pinta e borda com os homens… sei lá, mas ela pode, é um – desculpa o palavreado – “Mulherão da Porra”.

    Bonequinha de Luxo, está na minha lista de favoritos. ♡

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