Quero lhe dar este presente
Uma reflexão de repente
Não ao acaso ou de supetão
Mas de verso improvisado,
Um folk xilogravado
Nesta rede septilhado
Como trova do sertão
O que de mais fundo lhe toca o peito?
Mostrar a fim de causar despeito?
Ser cheio de si e de si mesmo se iludir?
Honra, dignidade e respeito?
Manter a guarda com atitude?
Assim, ainda que o medo lhe inunde,
Plantar-se de pé quando cair?
Saber sobre viver, morrer e amar?
Deixar de legado as fotos no celular?
Esperar no calendário, num futuro imaginário,
O dia de acordar com a macaca, de enfiar o pé na jaca?
Será revolucionário!
Mas só se a preguiça deixar…
Que é o vício mais duro de largar.
Falta de abraço?
Mania de perseguição?
Angústia de chegar?
Raiva da opinião?
O outro, os outros, a outra, as outras?
Seu laudo médico?
Sua prescrição?
A saudade de não saber,
De não precisar de conforto,
De caber num saco, todo torto,
Do que era antes de ser?
Pois essa reflexão não é só sua
Ela é a razão de toda criatura
À qual é dada a peleja de nascer
*As ilustrações foram tiradas do livro Cultura da Terra, de Ricardo Azevedo (escritor e ilustrador)
Bom domingo a todos!