Professoras que as histórias nos contam

Personagem e Profissão

Imagine que você vai encontrar alguém e a única informação sobre a pessoa é a profissão.

Não sabe o nome, se é homem ou mulher, a idade, a que classe social pertence, que tipo de roupas usa para trabalhar, nem qualquer outra informação.

O que sua mente faz? Busca lembrar de alguém conhecido ou de ideias sobre a profissão representadas por personagens da TV, do cinema e da literatura.

A representação das professoras (e dos professores) na literatura infantojuvenil é o tema do livro Professoras que as histórias nos contam – organizado por Rosa Maria Hessel Silveira, Editora D P&A.

As 8 autoras do livro identificaram os principais traços que descrevem professoras e professores, em histórias de aventura, romance e mistério em 100 obras indicadas para crianças e adolescentes, desde a década de 1970 até os anos 2000, no Brasil.

Quem são as professoras (e professores) segundo os 100 livros de literatura infantojuvenil selecionados?

  • Professores de ciências são homens, geralmente heróis, extravagantes, distraídos, idealistas, éticos, descuidados com a aparência e abnegados
  • Professoras e professores de português são austeros, recatados, eruditos, isolados, detentores de conhecimento e controle sobre os alunos
  • Professoras alfabetizadoras seguem a cartilha e o rigor ou são praticamente desnecessárias
  • Professores de educação física são homens fortes, burros, alguns carrascos outros amigos
  • Diretoras e diretores de escola são solitários e poderosos
  • Professoras jovens e lindas usam jeans apertado, se enfeitam, ensinam a “nova pedagogia” e abandonam a profissão para casar.
  • Professores jovens e sedutores são inteligentes, bonitos, ensinam a “nova pedagogia” e não fazem esforço para seduzir.
  • Não há professoras ou professores negros: “Para ser professor, é preciso controlar a raça, disfarçar a etnia”

Certamente você, assim como eu, o Ludo e o Vico,  já leu algum dos 100 livros analisados pelas autoras e nem percebeu a quantidade de sexismo, racismo, dentre outros preconceitos presentes nas histórias.

Não é pra sair queimando os livros por isso. Dá pra incentivar a leitura das crianças e dos adolescentes, que além de conseguirem compreender o que está escrito, devem ser capazes de refletir sobre o que está explícito e implícito no texto e nas ilustrações.

Para quem indico o livro Professoras que as histórias nos contam?

  • O livro é precioso para quem pensa no papel da literatura destinada a crianças e adolescentes
  • É fundamental para quem ensina, incentivando a leitura, e que talvez nem perceba a sua própria imagem nos livros “paradidáticos”
  • Interessa a qualquer pessoa curiosa sobre linguagem, cultura e a criação de significados e verdades

Aqui em Petrópolis eu adquiri o livro Professoras que as histórias nos contam na livraria Vozes (Rua do Imperador, 834)

20 comentários sobre “Professoras que as histórias nos contam

  1. Não sei se consigo abstrair… Inevitavelmente acabaria pensando nos professores e professoras que tive…
    E acho que não tive nenhum professor ou professora negros. Ou Índios. Ou abertamente com gêneros diversos da “norma” (blargh! para a “norma”). Dá muito o que pensar…
    Achei esse livro muito interessante…

    Curtido por 4 pessoas

    1. Que bom que você gostou, Jauch! Dá o que pensar e conversar com nossos filhos, né? Algumas reflexões do livro que achei bem interessante nem escrevi no post, pra não ficar cansativo. Uma delas é que não se deve tratar com neutralidade a literatura infantojuvenil, nem ignorar as representações que ela traz. Bjinhos

      Curtido por 4 pessoas

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