Presente

Onipresente

Ontem aconteceu comigo mais uma dessas estranhas simbioses entre a mente e a  internet, que parece que adivinha o que pensamos e escuta o que conversamos.

Tudo começou pelo Facebook, onde li um apanhado do pensamento do filósofo Alan Watts, de quem eu nunca tinha ouvido falar. Segundo o texto do FB, a voz do falecido Watts “aparece” conversando com o sistema de computador – Samantha- no filme Ela (Her). Deu até vontade de rever.

Os presentes de Alan Watts

Na música, ninguém faz do final o objetivo.

Se fosse assim, os melhores maestros seriam os que tocassem mais rápido; e existiriam compositores que só escreveriam finais. Pessoas iriam aos concertos para ouvirem apenas o último acorde — porque esse seria o final.

Mesma coisa na dança — você não busca um ponto particular na sala; onde você deveria chegar. O objetivo da dança toda é dançar.

Não vemos isso ser traduzido pela educação para a vida diária.

Aprenda por aprender!

A eternidade é agora … isto é, tornar-se parte integral do processo – seja o que for – e não se concentrar em um objetivo final sempre ilusório.

Não nos amarrarmos ao resultado final é algo que a maioria das pessoas nunca entenderá porque é contra-intuitivo.

Este ideal foi um foco central da filosofia de Alan Watts.

Presente Espera

Com essas ideias e algumas conversas off-line me lembrei da música do Chico Buarque  Quando o Carnaval chegar que fala do Presente como o Tempo de Espera, por motivos internos e externos ao indivíduo.

E quem me ofende, humilhando, pisando
Pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida
Duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo
Pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada
Abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Presente que Flui

O Presente não é uma espera durante o Carnaval, nem quando alcançamos o “milagre” do Estado de Fluxo fazendo ou apreciando Artes ou outras Atividades.

Fernando Pessoa devia fluir nas suas realidades alternativas:

Certas horas-intervalos que tenho vivido, horas perante a Natureza, esculpidas na ternura do isolamento, ficar-me-ão para sempre como medalhas. Nesses momentos esqueci todos os meus propósitos de vida, todas as minhas direções desejadas. Gozei não ser nada com uma plenitude de bonança espiritual, caindo no regaço azul das minhas aspirações. Não gozei nunca, talvez, uma hora indelével, isenta de um fundo espiritual de falência e de desânimo. Em todas as minhas horas libertas uma dor dormia, floria vagamente, por detrás dos muros da minha consciência, em outros quintais; mas o aroma e a própria cor dessas flores tristes atravessavam intuitivamente os muros, e o lado de lá deles, onde floriam as rosas, nunca deixava de ser, no mistério confuso do meu ser, um lado de cá esbatido na minha sonolência de viver.

De volta ao Presente Espera

Antes de buscar o filme Ela (Her), descobri, pelo Google, outro filme, ainda mais próximo do nosso presente, de 2019: Estou me guardando para quando o Carnaval chegar, do cineasta brasileiro Marcelo Gomes.

“O filme fala de uma cidadezinha perdida no Brasil que produz muitos jeans, mas também está falando de nós, da nossa vida, do nosso dia a dia”.

“… é “impressionante como o passado da revolução industrial se encontra com o futuro”, no que talvez seja “uma enorme Toritama (cidade onde se passa o filme)”.

“Dedicamos nossa vida a trabalhar, competindo com o vizinho nesta guerra “neoliberal” na qual as relações sociais acabaram”.

“Talvez na China, no Paquistão e na Índia tenha ocorrido o mesmo, mas lá não há carnaval.”

 

 

Achados e Perdidos

Pra onde foi o post que não salvei em rascunho?

E o erro sem testemunho?

Juntaram-se às horas passadas?

Tocam gaita nas encruzilhadas?

Integram o gás carbônico?

Estão vivos no universo subatômico?

Até pousarem no queijo com sabor estranho

Na camisa que encolheu de tamanho

Quando, então, dão enjoo e coceira

Pulam o almoço e prostram a tarde inteira

Sem nexo de causalidade, isentos de maldade

Só pra me responder que aqui estão, mesmo sem fazer parte

Banho de Cheiro

Eu quero um banho de cheiro
Eu quero um banho de lua
Eu quero navegar
Eu quero uma menina
Que me ensine noite e dia
O valor do bê-a-bá
Banhos
  • Pra andar com fé: tome um delicioso banho de mar ou de água iodada
  • Pra levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima: tome um bom banho de pinho
  • Pro mundo acordar e a gente dormir: banhe-se em água morna com chá de camomila ou 500 g de flor de tília (repousar nesse banho por 20 minutos)
O bê-a-bá dos seus olhos
Morena bonita da boca do rio
O bê-a-bá das narinas do rei
O bê-a-bá da Bahia
Sangrando alegria
Magia, magia, nos filhos de Gandhi
Não Beba se…
  • estiver tomando antibiótico, anti-histamínico, antifúngico, anti-inflamatório, ansiolítico, antidepressivo, barbitúrico ou analgésico
  • estiver dirigindo, falando ao celular, sozinho (a), triste, indeciso (a), desesperado (a)
  • não precisa
No bê-a-bá dos baianos
Que charme bonito, foi o santo que deu
O bê-a-bá do Senhor do Bonfim
O bê-a-bá do sertão
Sem chover, sem colher
Sem comer, sem lazer
O beabá do Brasil
A música “Banho de Cheiro”, famosa há muitos carnavais, pela voz de Elba Ramalho, é do compositor Carlos Fernando.
Bom Carnaval!!!