Prólogo da Ilha dos Cachorros
Dez séculos atrás, antes da Era da Obediência, cães livres governavam suas liberdades marcando seus territórios.
Buscando a ampliação de seus domínios, a Dinastia Kobayashi, amante de gatos, declarou guerra e atacou com fúria os incautos animais de quatro patas.
Na véspera da aniquilação total dos cachorros, um menino guerreiro que simpatizava com a condição dos cães sitiados, traiu sua espécie. Decapitou a cabeça do líder do clã Kobayashi e empunhou sua espada berrando o seguinte grito de guerra haiku: Eu viro as costas – para os humanos!
Ele seria, futuramente, conhecido como o lendário menino Samurai. Descanse em paz.
No final das sangrentas guerras de cães, os vira-latas vencidos tornaram-se animais de estimação sem poder:
Domesticados
Dominados
Desprezados
Mas eles sobreviveram e se multiplicaram.
Os Kobayashis, no entanto, nunca perdoaram seu inimigo conquistado.
Sina Canina
Por que chamar mulher de cachorra ou chamar homem de cachorro é considerado ofensivo se os cães são os melhores amigos dos humanos?
Dia de cão é uma expressão que designa um dia a ser esquecido.
Mundo cão e Vida de cão trazem a mente imagens de sofrimento e injustiça.
Fazer uma Cachorrada é agir de forma desonesta.
Quando teria sido o momento em que os cachorros viraram sinônimo de tanta coisa ruim na vida dos seus mestres humanos?
Excepcionalismo Humano x Abolicionismo Animal
Wesley Smith (WS)Pesquisador do Discovery Institute e autor de “A Rat is a Pig is a Dog is a Boy: The Human Cost of the Animal Rights Movement” defende o excepcionalismo humano e afirma que o movimento pelos direitos animais é antiético por atribuir o mesmo valor moral aos humanos e animais baseado na senciência, mas acha que devemos melhorar o tratamento humanitário dos animais e métodos de criação.
Gary Francione (GF)Desenvolvedor da teoria abolicionista de direitos animais e autor de “Introduction to Animal Rights: Your Child or the Dog?” defende o direito do animal de não ser propriedade e argumenta que todo uso de animais é moralmente injustificável e que devemos abolir, e não regulamentar, a exploração animal.
WS: … Ativismo de direitos animais… não é apenas sobre o sofrimento; é sobre não ter o direito de possuir um animal, e os animais não tendo o direito de serem possuídos. Gary acredita que nós nem sequer deveríamos ter cães, não importa o quão bem nós os tratamos, porque, como ele chama-os, são refugiados em um mundo no qual eles não pertencem. Portanto, não é apenas sobre o sofrimento; é uma visão de direitos na qual a ideia de possuir animais é vista como equivalente à escravidão.
…
GF: Eu sou contra qualquer uso de animais em absoluto. O cão-guia está no topo da minha lista, Michael? Não, absolutamente não. Deixe-me apenas esclarecer uma coisa. Minha posição é muito simples: todos nós concordamos que é errado causar sofrimento e morte desnecessários aos animais, e que os motivos de diversão, prazer ou conveniência não constituem necessidade. Mas 99.999999% de nossos usos de animais só podem ser justificados por motivos de diversão, prazer ou conveniência.
*Todas as imagens desse post foram tiradas de cenas do filme A ilha dos Cachorros, de Wes Anderson, que assistimos no Feriado de Páscoa, por indicação do Ludo
Boa Semana!