Assombro
Susto, medo, sobressalto, terror, pavor, consternação, pasmo, estupor.
Portento, prodígio, maravilha, milagre.
(Dicionário de Sinônimos e Antônimos da Língua Portuguesa, de Francisco Fernandes, 38ª edição revista e ampliada por Celso Pedro Luft)
Assombrações
Um curta de terror brasileiro e um longa de aventura colombiano, que, aparentemente, não teriam porque ser citados no mesmo post, ficaram me assombrando durante dias.
Em O Duplo , da diretora Juliana Rojas, a assombração se espalha pelo espaço. O medo reside em saber onde está o monstro: se está do lado de fora ou do lado de dentro.
Doppelgänger – O Duplo
“Doppelgänger é um monstro ou ser fantástico que tem o dom de se tornar idêntico a alguém que ele passa a acompanhar. Considerado como presságio de má sorte, há quem diga que ele assume o negativo da pessoa, de modo a conduzi-la a fazer coisas cruéis que ela não faria naturalmente. Aqueles que tentam comunicar-se com seu próprio Doppelgänger são tidos como imprudentes e malfadados”.
No filme O Abraço da Serpente, o terror engole o tempo (o passado, o presente e o futuro de diferentes etnias indígenas), o corpo e a alma de seres da floresta, ora como um coletivo ora como um único indivíduo, em defesa da normalidade, da ciência, da religião, entre outros valores humanos.
Chulachaqui – Corpo sem Alma
“Todos têm um Chulachaqui, que tem a mesma aparência que a pessoa, mas é vazio, uma cópia que vagueia como um fantasma“. (fala do personagem Karamakate jovem, que temia perder suas raízes e se tornar um índio sem alma, sem sonhos, subjugado pelas loucuras do homem branco).
Loucura x Medo da Despersonalização
“Excetuando alguns filósofos e poetas, que viam algo de romântico e revolucionário na loucura, todos nós temos muito receio de enlouquecer, até porque isso significa romper a fronteira do conhecido e quebrar a estrutura mais íntima de nosso ser. No caso dos portadores de transtorno do pânico, esse medo é intenso e muito frequente. Ele está profundamente relacionado com os sintomas de despersonalização (deixar de se sentir a própria pessoa) e irrealidade (estranheza em relação aos fatos e pessoas que fazem parte de sua vida).
…
Loucura é outra coisa… Nela existe a presença de alucinações e delírios, que são alterações graves da percepção (ver coisas, ouvir vozes) e do julgamento (achar que está sendo perseguido). E isso não tem nada a ver com o transtorno do pânico em si.
(Mentes Ansiosas – Medo e Ansiedade Além dos Limites, Ana Beatriz Barbosa, Editora Objetiva, 2011)
Esses filmes são um assombro!
Escolhi a palavra Assombro para o título do post por ser sinônimo de medo, mas também pelos significados engraçados e positivos, que talvez tenham sido os primeiros de que eu me lembro ter ouvido.
Todo mundo leva a vida no arame
Sassassaricando
A viúva, o brotinho e a madame
O velho na porta da Colombo
É um assombro
Sassaricando
Quem não tem seu sassarico
Sassarica mesmo só
Porque sem sassaricar
Essa vida é um nó
(Composição: Luiz Antonio / Oldemar Magalhães / Zé Mario)
Boa Semana!!!
*As imagens foram tiradas a partir de obras de arte reproduzidas no livro História da Arte, de Graça Proença, Editora Ática, 2012 (A estrela da manhã, de Joan Miró; Ta Matete e Arearea, ambas de Paul Gauguin; A persistência da memória, de Salvador Dalí, e Cinco mulheres na rua, de Ernst Kirchner).
Nossa, muito bom. Sobre esta questão do “duplo” me lembrou Zelig, Woody Allen. Conhece?
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Muito obrigada, Leo Campos! Assisti Zelig e adorei. Tenho até em DVD😁Parece que o tema (despersonalização) me interessa mais do que eu tinha percebido… Obrigada por enriquecer o post🌻
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Elucidativo! Seus textos têm um quê de obra de arte 🌻🙋🏽♀️
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Puxa vida! Vou guardar seu comentário generoso numa caixinha no meu coração💖Muito obrigada Cristileine🌸🌼😘
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