Que adolescente tem segredinhos não é novidade.
Hoje eu estava conversando com meu marido sobre diários. Eu já até escrevi sobre o tema aqui e como era incomum, pelo menos há uns vinte e tantos anos, meninos escreverem diários.
Ele me perguntou qual era a real intenção das meninas ao escreverem um diário porque se era pra ser segredo não deveriam escrever.
Aí é que entram meus papeizinhos.
Sabe a música “Paranoia” do Raul Seixas?
Caso não saiba ou não se lembre, tem uma parte que é assim:
“Se eu vejo um papel qualquer no chão
Tremo, corro e apanho pra esconder
Com medo de ter sido uma anotação que eu fiz
Que não se possa ler
E eu gosto de escrever, mas…
Mas eu sinto medo!
Eu sinto medo!”
Eu ainda acho sensacional a letra dessa música.
Fazia todo o sentido querer colocar para fora do corpo as ideias e emoções para que elas fossem materializadas e organizadas numa folha de papel. O que não queria dizer que devessem ser compartilhadas. Os diários com cadeado que as meninas dos anos 1980 faziam tinham esse propósito. Se não tinham, eu estava enganada até agora.
Antes e depois de ter um diário, minhas observações, desejos e projetos eram anotados em papéis avulsos e me apavorava a ideia de que alguém pudesse encontrá-los. Eu não era organizada e nem conseguia manter um caderno do início ao fim para as matérias da escola. Ainda tenho alguma dificuldade com cadernos. O diário teve o mesmo destino. Era mais um enfeite mesmo. Continuei com os papeizinhos.
Hoje eu não tenho ideias pra esconder, nem me preocupo com as descobertas que alguém possa fazer a meu respeito.
A emoção de ter um pouquinho de loucura escondida num papel virou nostalgia…
Boa Semana!
Beijos