Dentro da casa Claudio de Souza

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Dentro da casa Claudio de Souza

A mesa posta com riso e abraço

Convivas contornam e ampliam o espaço

Duplas retratam ao pé do ouvido

Sorrisos reconhecidos no primeiro contato

 

Clarice, Chico, Lygia, Gerson e Francisca

Samba de prosa, roda operista

Almas que se escrevem

Alunos que se inscrevem

Amigos que comparecem

Família reunida

 

Claudio de Souza comemora

Brilha em vitrais de outrora

Da rua, quem passa nem imagina

Quanta vida na casa da esquina!

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Pelo quarto ano consecutivo a Casa de Cláudio de Souza abrigou as “Rodas de Leitura”, oferecidas pela Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga. Guiado pela professora Maria Francisca Valle, licenciada em música e pedagogia com especialização em artes na educação, o workshop reuniu estudiosos e apaixonados por literatura na Casa Cláudio de Souza.

Neste domingo, 16 de dezembro de 2018, com café da manhã e música, na Casa Cláudio de Souza, o escritor Gerson Valle,  presidente da Academia Petropolitana de Letras, lançou, pela editora Ibis Libris, o livro de poesias Utopias na Contramão.

Mais informações sobre a Casa de Claudio de Souza estão aqui

 

 

Culpa e Comida

armas medievais

Aqui em casa conversamos muito quando sentamos todos juntos para fazer alguma refeição.

Os assuntos geralmente são família, política, religião, colégio, cinema e álbum de figurinhas da Copa. Um tema recente tem sido a própria comida.

O Ludo é vegetariano. O Vico não é. Meu marido e eu somos meio vegetarianos (sei que essa categoria não existe, mas é a que melhor nos define hoje).

A temática Comida e Culpa, portanto, inspirou a poesia desse post.

dragoes

Culpa e Comida

Conta-se que há muito tempo criaram esta rivalidade

A fofoca teria partido da Igreja, da cozinha de Sua Santidade

Há quem diga que foi intriga da Moda, nascida no berço da vaidade

A Comida, apenas essencial, se tornou saborosa de verdade

Contra a suculenta volúpia inventaram uma palavra chula

Uniram-na com a Culpa em um amálgama eterno chamado Gula

Se o boi está no prato Culpa sofre sua triste sina

A Comida defende a matança em nome da proteína

Uma recrimina o humano, o pior dos animais

A outra honra a carne que evoluiu nossos ancestrais

Doces, pães e massas não são assunto à parte

O duelo diário entre o prazer e o pecado é uma arte

E se um dia, por milagre, conseguirem se separar?

Que rebuliço, que saracotico essa dupla vai causar?

Imagino a Culpa magra como Dom Quixote atrás de gigantes

A Comida esplendorosa, tal qual a Lua, e feliz como nunca dantes

a lua e o cavaleiro

As illustrações ( alteradas com o Prisma) são do artista plástico Tato, tiradas do livro Saracotico no Céu: A verdadeira história de São Jorge e do disco Voador, da escritora Sylvia Orthof, que viveu aqui em Petrópolis e autografou esse livro pra mim quando eu era criança.

Bom domingo!!!

Língua Cabeluda

palavrinhas e palavroes

Palavras, palavrinhas e palavrões, de Ana Maria Machado, era um dos meus livros preferidos quando eu tinha uns 7 ou 8 anos.

O livro conta, de forma bem humorada, as descobertas de uma menina que adorava palavras novas, mas estava sendo severamente repreendida por repetir algumas.

Na lógica da personagem principal palavrão era qualquer palavra comprida e difícil de pronunciar como Impublicável, Providências, Fonoaudióloga… A menina estranhava quando as pessoas reclamavam de palavras pequenas e simples que ela repetia. Diziam que estava sujando a boca com palavrões cabeludos.

“Que tipo de palavrões seriam esses? Cabeludos? Louros? Cacheados? Ela nem conseguia repetir direito, quanto mais imaginar a cara deles…”

Aqui em casa não deixo os meninos falarem palavrões e peço desculpa se deixo algum escapar sob intensas emoções! Meu marido também tem a boca limpinha.rsrs

Acho que o respeito começa a desandar quando liberamos a porteira dessas palavras tabu. Por outro lado, são apenas palavras que se referem a conceitos de sexualidade e excreção. Por que, então, elas teriam ganhado o poder de afrontar a sensibilidade humana?

Do que é feito o pensamento

No livro Do que é feito o pensamento – A língua como janela para a natureza humana – o cientista cognitivo Steven Pinker explica:

“Se as palavras tabus são uma afronta à sensibilidade das pessoas, o fenômeno das palavras tabus é uma afronta ao bom senso. A excreção é uma atividade que todo ser encarnado tem que fazer todo dia, e mesmo assim todas as palavras em inglês para ela são indecentes, infantis ou clínicas”.

Em português, também, as pessoas são educadas para dizer que “vão ao banheiro” ou “ao Toilette”, como se evacuar em francês fosse mais elegante. rsrs

Segundo Steven Pinker, a língua inglesa também não oferece opções polidas para outra atividade da qual ninguém pode fugir: Sexo.

“Os verbos transitivos simples para as relações sexuais ou são obscenos ou desrespeitosos, e os mais comuns estão entre as sete palavras que não dá pra dizer na televisão”.

“A reação de escândalo que outros usos evocam, mesmo entre pessoas que defendem a liberdade de expressão e questionam por que tanta onda em torno das palavras sobre sexo, sugere que a psicologia da magia das palavras não é só uma patologia de puritanos dados à censura, mas algo que faz parte da nossa constituição emocional e linguística”.

Nem entrei no mérito dos preconceitos de raça, religião e opção sexual que atribuem a certas palavras a conotação de violência verbal e moral e que dizem muito do contexto sociocultural em que são verbalizadas.

Como espero ter demonstrado, desde criancinha acho o tema do poder das palavras nas nossas vidas fascinante.

Recomendo os dois livros citados para quem compartilha esse interesse pelas origens e usos das palavras que moldam e são moldadas pela mente humana e seus reflexos nas nossas relações com o mundo.

Bom Final de Semana a todos!

Mortos de Fama

coleção mortos de fama

A coleção Mortos de Fama apareceu pela primeira vez aqui em casa quando o Ludo tinha uns 9 anos e gostava muito de ouvir Elvis Presley.

Comprei pra ele Elvis e sua Pélvis.

Mortos de Fama conta para crianças a biografia de pessoas famosas que morreram há poucas décadas, como Elvis, Einstein etc e também há muitos séculos, como Cleopatra e Leonardo Da Vinci, entre outros.

O diferencial nos livros dessa coleção infanto-juvenil é a forma como a vida desses personagens da história humana é narrada. Com muito humor, algumas ilustrações que enriquecem o texto e curiosidades, a escrita faz com que o leitor tenha a impressão que está conversando com o narrador e coletando diários, fotos e notícias sobre o célebre morto de fama.

Folheando o livro do Elvis, achei uma página que fez o Ludo rir bastante na época. Depois do narrador explicar que em 1958, em plena Guerra Fria, a Rússia acusou o Rei do Rock de ser o inimigo número 1 do país, pois tentava atrair os jovens soviéticos para o modo de vida americano, seguia essa tirinha:

Elvis

Depois do Elvis, o Ludo leu e releu Al Capone e sua Gangueda mesma coleção.

O código de honra dos bandidos também rendeu muitas risadas:

honra da mafia

codigo Al Capone

Na época em que o Vico leu Diário de Pilar no Egito ele também se interessou por Cleópatra e sua Víbora da coleção Mortos de Fama.

O Vico (e eu) aprendemos, por exemplo, que quando a Cleópatra nasceu, os reis deuses egípcios sempre se chamavam Ptolomeu e casavam com suas irmãs, madrastas ou enteadas, rainhas deusas egípcias que sempre se chamavam Cleópatra e não havia limites na luta pelo poder dentro da família real.

familia da Cleo

Outros Mortos de Fama que compramos foram Joana d’Arc e suas Batalhas; Inventores e suas Ideias Brilhantes e Espártaco e seus Gloriosos Gladiadores.

Esse ano, para nossa surpresa, na lista de material do Vico, o livro de laboratório que foi pedido pela escola foi Isaac Newton e sua Maçã da coleção Mortos de Fama!

Ele já começou a ler:D

Para quem se interessou por essa coleção da Editora Companhia das Letras, também há outros títulos que ainda não temos:

  • Tuntancâmon e sua Tumba cheia de Tesouros
  • Alexandre o Grande e sua Sede de Fama
  • Os cientistas e seus Experimentos de Arromba
  • William Shakespeare e seus Atos Dramáticos
  • Lendas do Rei Artur
  • Leonardo Da Vinci e seu Supercérebro
  • Albert Einstein e seu Universo Inflável

Segue o link que dá mais detalhes sobre os livros e seus talentosos autores e ilustradores, na página da Editora.

 

Moda: Uma história para crianças

moda livro

Esse lindo livro, de Katia Canton e Luciana Schiller, que eu ganhei da minha querida tia Francisca ensina bem mais do que a origem das peças de roupas.

Ele trata dos costumes e comportamentos em diversos lugares e épocas e leva as crianças e também os adultos a refletirem sobre a relatividade do que é considerado bonito, elegante e adequado na forma de se apresentar para o mundo, cobrindo e descobrindo o corpo.

Felizmente, estamos cada vez mais libertos para nos vestirmos, calçarmos e usarmos cabelos e adereços como desejarmos, desde que não ofendam terceiros e não nos façam mal.

Na Passarela da História

  • Na pré-história, as roupas eram as peles dos animais que haviam sido comidos! Até o final do século passado ainda era considerado chique usar casaco de pele nos países onde fazia frio. Movimentos ecológicos iniciados nos anos 1980, felizmente, conseguiram acabar com essa moda.
  • Adereços dourados, franja e olhos delineados com Kajal eram a tendência no Egito de Cleopatra, que segue sendo copiada em várias versões carnavalescas até hoje.
  • Em 800 a. C, sandálias e túnicas drapeadas e vaporosas eram as vestimentas preferidas dos gregos e gregas para desfilar seus corpos atléticos.
  • De pele de bicho, passando por tecidos leves as armaduras chegaram na Idade Média (aproximadamente de 1000 a 1600). Na Europa os homens vivam dentro destas pesadas vestimentas e as mulheres fechadas em longos vestidos que refletiam a austeridade da religião católica.
  • Séculos mais tarde, na era Barroca, séculos XVII e XVIII, quando a França era o centro da Europa, o Rei Sol ensinou os homens e as mulheres da corte a usarem perucas cacheadas, maquiagem com pó de arroz, ruge e pintas desenhadas no rosto. As roupas das damas e dos cavalheiros eram muitos ornamentadas. Ninguém questionava homem usar maquiagem. Era moda e ordem do Rei.

A beleza e os adereços em várias culturas:

índios

asiática

O livro explica a influência das Artes para a Moda

  • A bailarina norte americana Isadora Duncan revolucionou ao pregar a liberdade dançando com túnicas leves e soltas sobre o corpo nu no começo do século XX.
  • A chegada dos balés russos, com destaque para o bailarino Nijinski,  em Paris em 1909 renovou a moda. As cores deixaram de ser tons pastéis e passaram a ser vivas e berrantes.
  • Em 1917 Pablo Picasso fez os figurinos para o moderno balé Parade.
  • A pintora Sonia Delaunay assinou, em 1923, os cenários e figurinos da peça O Coração de Gás. “Sonia se inspirava nas luzes e no movimento da cidade (Paris) para criar suas formas coloridas, nas telas, nos espetáculos e também nas roupas”.

Sonia Delaunay

Além de tratar desses assuntos, o livro explica o que é alta costura e resume as biografias de Chanel; Christian Dior; Yves Saint Laurent; Jean Paul Gaultier e do brasileiro Dener.

Curiosidades sobre peças de roupa, como o Jeans; a Camiseta; a Minissaia; a Gravata; o Biquini; o Spencer; a Calça Culote e as Botas também fazem parte do livro.

YSL

Espero que você tenham gostado.

O que não pode faltar no seu guarda roupa?

Condessa de Ségur

As meninas exemplares

Quando eu tinha cerca de 8 anos meu pai me deu uns livros de capa dura no formato histórias em quadrinhos da escritora Condessa de Ségur e eu adorei! Li e reli várias vezes.

A avó do meu marido também contava as histórias da condessa pra ele quando ele era pequeno e essas leituras se tornaram memórias de risadas e afeto de noites especiais.

Décadas mais tarde li algumas histórias do livro texto para os meninos e eles também gostaram.

Quem foi a tal Condessa de Ségur que atravessou gerações aqui no Brasil?

Seu nome era Sofia. Ela nasceu em São Petersburgo em 1799 e se tornou uma conhecida escritora de literatura infanto-juvenil no século XIX na Europa, tendo se popularizado mais tarde mundo afora.

Sophie_de_Ségur

Por que os livros dela são clássicos da literatura infantil?

Porque a escritora russa conseguiu traduzir nas suas personagens infantis as maldades, a ingenuidade, as descobertas, as falhas e os acertos que tanto se apresentavam no comportamento das crianças do século XIX quando no das crianças de hoje em dia.

Os adultos também são descritos como idiotas, espertos, caridosos, egoístas entre outras nuances de caráter observadas pelo olhar dos pequenos.

Além das características bem trabalhadas das personagens, ela cria situações engraçadas, compara a vida no campo e na cidade, que era muito mais distante do que podemos imaginar atualmente, além de outras peculiaridades dos rituais da sociedade europeia da época em que ela viveu.

Para quem tiver interesse em procurar no sebo virtual, segue uma lista de alguns livros da condessa Sofia:

  • As meninas exemplares
  • Os desastres de Sofia
  • As Férias
  • Memórias de um burro
  • Os dois patetas

casa segúr

 

 

O Menino Fernando Sabino

passaros

Eu li, meu marido leu, o Ludo leu e o Vico está lendo. Todos nós conhecemos este livro como uma “obrigação” da escola e, em todos os casos, o fardo se revelou um prazer.

O livro “O Menino no Espelho”, de Fernando Sabino, narra uma “meninice” distante da que cada um de nós teve, nas primeiras décadas do século passado, mas os medos, as traquinagens e os sonhos de Fernando são atemporais e viverão enquanto existir infância.

O autor publicou esse livro em 1982.

“O menino no espelho” também teve sua adaptação para as telonas, mas a leitura é insubstituível.

Peguei emprestado o livro do Vico, folheei algumas páginas e selecionei aleatoriamente um trecho sensível e engraçado desta obra prima da literatura infantojuvenil brasileira:

Nasci no dia 12 de outubro, aniversário do Gerson, que estava fazendo oito anos. Meu irmão tinha pedido de presente uma surpresa, e surpresa ele teve: nasci em casa, como acontecia naquela época, e minha mãe mandou botar o bebê na cama do Gerson, como presente de aniversário.

Quando ele acordou e deu comigo a seu lado, ficou na maior alegria. Foi um custo para se convencer de que eu não era um brinquedo dele, que pudesse ficar carregando pela casa de cá para lá o tempo todo.

Daí o carinho com que ele me tratou a vida toda. Embora o Toninho, que era só dois anos mais velho, sempre tenha sido também muito meu amigo, e fosse o meu companheiro de quarto, o Gerson, pelo fato de já ser para mim um homem com seus dezesseis anos, me despertava uma grande fascinação; eu queria ser como ele quando crescesse.

Diga-se de passagem que, ao completar oito anos, também pedi à minha mãe um bebê. Ela achou graça, botando na minha cama um boneco, o que me deixou com muita raiva ao acordar, pois além do mais eu não era menina para ganhar um presente daqueles.

Fernando Sabino, assim como seu personagem, nasceu no dia 12 de outubro, em Belo Horizonte, dia das crianças, também foi escoteiro, filho, irmão, criativo, talentoso e apaixonado. Viveu, aumentou um pouquinho e imaginou algumas das maravilhosas aventuras narradas no livro que tanto nos emocionam.

aviador menino no espelho

As ilustrações estão no livro e são de Carlos Scliar, coloridas aqui com o aplicativo Prisma.

 

 

Letramento mediado pelas telas

livro laranja

Durante o curso de Pedagogia me interessei por tecnologias para a educação e por alfabetização e letramento.

Comecei a faculdade pesquisando sobre a “Universidade do Ar”, sob a supervisão da professora de História da Educação da PUC-Rio, Patrícia Coelho,  e terminei escrevendo a minha monografia sobre o tema “Letramento mediado pelas telas”, pela Universidade à distância Unyleya.

Publiquei o tema da monografia em formato de e-book pela Amazon, ontem, e já está disponível!

Seguem algumas das ideias principais do livro:

Alfabetização e Letramento

Letramento e alfabetização são conceitos distintos e interdependentes:

A alfabetização é o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para exercer a arte da leitura e da escrita.

O letramento é a capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos, como obter informação, interagir com outros, imergir no imaginário, ampliar conhecimentos, seduzir etc.

As Telas e o Letramento

Hoje, boa parte do letramento acontece nas telas.

As telas pelas quais ocorre o letramento são o computador, o celular, a televisão e o cinema.

Pesquisei o letramento em cada uma das mídias acima e também no rádio, que, apesar de não ser tela, foi a primeira forma de educação a distância no começo do século XX, no Brasil.

As Gerações e os Multiletramentos

Procurei estabelecer comparações entre o letramento dos nativos digitais e das gerações de seus pais, para identificar as vantagens e desvantagens do uso das telas no letramento.

Pretendi reconhecer como os alunos estão se relacionando com a leitura, a interpretação dos textos e a escrita quando não estão usando as telas e avaliar se os meios eletrônicos ajudam ou atrapalham o letramento.

É inegável que as telas apresentam novos e múltiplos caminhos para a aquisição e domínio do que se lê e escreve e que seu uso no letramento dos indivíduos é uma realidade, sejam eles nativos digitais ou não.

Quem tiver curiosidade em saber mais sobre o tema e quiser adquirir o livro que eu publiquei na Amazon é só clicar aqui.

Quem quiser continuar conversando sobre letramento e tecnologias para a educação, vou adorar usar esse espaço mediado pelo Ludo e Vico.

O letramento está em toda parte!

livro azul