Como funciona a criatividade depois da infância?
Todos nós já observamos como a criança pequena se absorve inteiramente na brincadeira e incorpora elementos da natureza e o que mais estiver ao seu alcance como um “bricoleur”.
“Bricolage” (bricolagem) é uma palavra francesa que significa criar alguma coisa a partir do material que se tem.
Stephen Nachmanovitch, autor de “Ser Criativo – O poder da improvisação na vida e na arte”, destaca a importância da prática e dos limites para a criatividade.
Ele exalta o “bricoleur” como o artista dos limites, o herói que salva o mundo usando poucos materiais e sua própria sagacidade.
Ao contrário do que pode parecer, ele não culpa os limites, e sim os reverencia!
“Às vezes amaldiçoamos os limites, mas sem eles a arte não é possível. Eles nos proporcionam algo com que trabalhar e contra o que trabalhar.”
Além dos limites materiais, outros limites para a criatividade lembrados pelo autor são:
- As leis físicas do som, da cor, da gravidade e do movimento
- As convenções sociais
- O próprio corpo
- O ego
- O compromisso pessoal e voluntário com um conjunto de regras…
Voltando à infância, ele ressalta a importância da prática lúdica e vivenciada intensamente.
“O divertimento, a criatividade, a arte, a espontaneidade, todas essas experiências contêm em si suas próprias recompensas, e são bloqueadas quando o desempenho é motivado pela possibilidade de recompensa ou punição, de lucro ou perda.”
O autor reformula o senso comum segundo o qual “a prática leva à perfeição”, que é entendido no ocidente como praticar para adquirir técnica, separando a prática da coisa de verdade.
Achamos que praticar é suportar uma luta penosa em troca de recompensas futuras.
Em partes do mundo oriental, mencionadas no livro, praticar é criar a pessoa.
“A prática revela ou torna real a pessoa que já existe.”
“Não se trata da prática para um fim, mas da prática que é um fim em si mesma.”
A prática que recebe os insights da criatividade consiste em uma experimentação compulsiva, mas prazerosa e envolta em uma sensação de deslumbramento.
Parei por aqui porque o post não pretende ser um resumo minucioso do livro, mas uma compilação das ideias que mais me mobilizaram até agora.
Obrigada por me acompanharem na leitura.
Até a próxima e última parte deste livro que eu estou adorando!