Aqui em casa conversamos muito quando sentamos todos juntos para fazer alguma refeição.
Os assuntos geralmente são família, política, religião, colégio, cinema e álbum de figurinhas da Copa. Um tema recente tem sido a própria comida.
O Ludo é vegetariano. O Vico não é. Meu marido e eu somos meio vegetarianos (sei que essa categoria não existe, mas é a que melhor nos define hoje).
A temática Comida e Culpa, portanto, inspirou a poesia desse post.
Culpa e Comida
Conta-se que há muito tempo criaram esta rivalidade
A fofoca teria partido da Igreja, da cozinha de Sua Santidade
Há quem diga que foi intriga da Moda, nascida no berço da vaidade
A Comida, apenas essencial, se tornou saborosa de verdade
Contra a suculenta volúpia inventaram uma palavra chula
Uniram-na com a Culpa em um amálgama eterno chamado Gula
Se o boi está no prato Culpa sofre sua triste sina
A Comida defende a matança em nome da proteína
Uma recrimina o humano, o pior dos animais
A outra honra a carne que evoluiu nossos ancestrais
Doces, pães e massas não são assunto à parte
O duelo diário entre o prazer e o pecado é uma arte
E se um dia, por milagre, conseguirem se separar?
Que rebuliço, que saracotico essa dupla vai causar?
Imagino a Culpa magra como Dom Quixote atrás de gigantes
A Comida esplendorosa, tal qual a Lua, e feliz como nunca dantes
As illustrações ( alteradas com o Prisma) são do artista plástico Tato, tiradas do livro Saracotico no Céu: A verdadeira história de São Jorge e do disco Voador, da escritora Sylvia Orthof, que viveu aqui em Petrópolis e autografou esse livro pra mim quando eu era criança.
Bom domingo!!!