Formação do leitor: uma questão de jardinagem

bouquet rosa e amarelo

Entender por que razão algumas pessoas têm prazer em ler e outras demonstram total desinteresse pelos livros é um assunto que me mobiliza.

Este fim de semana, passeando com a família numa livraria, tive a felicidade de encontrar o livro “Formação do leitor: uma questão de jardinagem”, da Coleção Mediações, que trata da prática da leitura em seus diversos âmbitos.

O livro me encantou pela mensagem simples, poética e desmistificadora sobre a formação de leitores.

A autora, Maria Clara Cavalcanti, é contadora de histórias do grupo Confabulando, pesquisadora da Cátedra Unesco de Leitura (vinculada à PUC- Rio de Janeiro) e autora de livros infantis e juvenis, além de ser avó.

Ela começa o livro contando que a pessoa que a fez gostar de ler não sabia ler.

Foi sua babá, Felícia, que era uma “leitora do mundo”, conhecedora de várias expressões, adivinhas, rimas e superstições quem a aproximou dos livros.

Essa leitura do mundo enriqueceu o vocabulário da autora antes da alfabetização e despertou na menina o prazer de ouvir, ler, escrever e, também, de contar histórias.

flores rosa e cor de abóbora

Selecionei alguns trechos do livro que, no meu entender, deveriam guiar as famílias e as escolas preocupadas em formar leitores:

“Impor uma mesma leitura a diferentes leitores, estabelecer prazos de leitura, transformando a leitura em obrigação para ser testada em provas, sem levar em conta o gosto, o fôlego e o ritmo de leitura de cada leitor é como semear diferentes sementes em um mesmo solo. É não se preocupar com o ritmo de crescimento e as necessidades de cada semente para conseguir florescer. Resultado? Algumas florescem enquanto outras, irremediavelmente, morrem.”

bouquet girassol

“Assim como cabe ao jardineiro descobrir a semente adequada para florescer neste ou naquele canteiro, cabe ao mediador descobrir a leitura mais saborosa, mais atraente para cada leitor sem pré-conceitos, sim, mas atento à qualidade do que é oferecido.

Por isso, eu repito, sendo de boa qualidade, sim, vale tudo: livros de imagens, histórias em quadrinhos, mangás, romances açucarados, poemas, cordéis, livros de faroeste e por aí vai…”

maria sem vergonha e outras

“Faz-se necessária a sabedoria de sugerir e não impor uma leitura, de oferecer um leque de opções, respeitar escolhas mesmo que essas não sejam de seu agrado, acompanhar, sem interferir, esse processo maravilhoso de descoberta da leitura.”

Aqui em casa, temos ritmos de leitura e interesses bem diferentes e, pelo visto, está tudo bem.

Aprendi que não adianta insistir para um pré-adolescente e outro adolescente que o livro tal é ótimo. O Ludo lê vários livros ao mesmo tempo sem a menor pressa de terminá-los e o Vico é um devorador de mangás.

Assim, frequentando livrarias e sebos, conversando com os amigos e, às vezes, escutando a opinião dos adultos, eles vão criando os próprios interesses pela leitura dos livros e do mundo.

Você consegue se lembrar como aconteceu seu interesse pelos livros?

Se quiser compartilhar suas lembranças, sinta-se em casa!!!

*As fotos das flores foram tiradas do livro “Pequenos arranjos do cotidiano”, de Helena Lunardelli, Editora SENAC.

 

 

 

6 comentários sobre “Formação do leitor: uma questão de jardinagem

  1. Aqui em casa sempre teve de tudo quando o assunto é leitura, turma da Mônica, revista Recreio e Manual do escoteiro Mirim foram inseridos na nossa rotina de forma prazerosa. Mas o primeiro livro que me tornou extremamente apegada a leitura foi o Harry Potter, expandiu muito meu interesse e a necessidade de adquirir livros.

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  2. A tentativa de forçar a leitura nas escolas é um estímulo negativo para se formar novos leitores. Os livros requisitados são sempre os mesmos, isso gera uma tentativa de homogenizar os alunos, o que só vai dar errado, já que cada um é diferente. Nem tudo que faz sentido para uma pessoa fará sentido para uma outra. Boa metáfora a que essa autora usou.

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