O Direito de Rir

humor

Rir dos outros x Rir com os outros

O Ludo havia me falado do comediante inglês Ricky Gervais, que escreveu The Office. Meu marido baixou a versão americana dessa série que é estrelada pelo ator Steve Carrel e já estamos na segunda temporada. É hilária!

Se você, que está lendo o post, já teve um chefe arrogante, porém ignorante sobre suas próprias funções no trabalho e/ou que adorava fazer piadas desagradáveis para os funcionários vai exorcizar seus fantasmas e se acabar de rir!

A série brinca com as atitudes politicamente incorretas o tempo todo, mas consegue não ser ofensiva, já que o tal chefe – o personagem que encarna todos os preconceitos e abusos de poder- é ridicularizado com olhares de tédio ou de espanto dos funcionários durante o expediente e nos eventos fora do escritório.

tristeza

O Direito de Rir

Yves de la Taille é um professor da Universidade de São Paulo especializado em Psicologia Moral. Há alguns anos eu comprei um livro dele cujo título é “Humor e tristeza: O direito de rir”.

Entre outros temas, ele aborda as piadas de mau gosto, os limites e as alianças entre humor e tristeza, como o humor negro que sempre traz algo triste como tema.

Sobre o direito de rir e o humor, Yves de la Taille explica que existem 2 extremos:

De um lado estão as pessoas que defendem que não há limites para o humor.

Seus argumentos principais são:

  • A liberdade de expressão
  • A única forma de julgar o humor é a sua qualidade, ou seja, se a piada for engraçada (fizer muita gente rir) merece ser contada não importa seu conteúdo
  • O humor é inofensivo. É uma forma de brincadeira que não se deve levar a sério.

Do outro lado estão aqueles que impõem limites intransponíveis para certas formas de humor, como explica o autor:

As razões deste grupo para colocar limites ao riso são variadas porque é um grupo heterogêneo.

  • Há aqueles que proíbem o humor sobre determinados temas como o Sagrado, para alguns religiosos extremistas, por exemplo.
  • Existem os adeptos do politicamente correto, que querem assegurar o respeito a determinados grupos da sociedade para que não sejam alvo de zombaria.

Embora o Professor não se filie a um desses grupos, ele destaca que o humorista tem responsabilidade social e influencia a plateia ao divertir.

Podemos perceber como os programas humorísticos apelam para os estereótipos e os clichês quando falta inspiração. O risco é reforçar preconceitos que demoram para serem desconstruídos.

Ele encerra o livro com o alerta de Doron Rabinovici (2009, p.281)::

“Hoje em dia , é preciso, sobretudo, se perguntar quem ri, com quem ri e contra o quê”.

Chaplin

 

 

 

13 comentários sobre “O Direito de Rir

    1. Que legal que o seu marido também gostou da série! O Netflix tem a versão inglesa, que meu filho gostou. Eu estou assistindo a americana que é ótima também. O Yves de La Talle tem outros livros interessantes também. Bom saber sobre os experimentos com riso e humor! Vamos praticar! Obrigada pela visita e pela troca de ideias! Bjos!

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  1. Olá, boa noite 🙂 Só por curiosidade e orientando mais conversa para o poder e a responsabilidade social do humor, deixo aqui a opinião do Ricardo Araújo Pereira, nestes dois vídeos. É um ponto de vista no qual tenho pensado, tendo em conta a actualidade mundial. Continuação de um bom trabalho, claro 😉 https://www.youtube.com/watch?v=mrFtFtZ4v8U&list=PLlJ5fC8oWkHlaFpeVBOP_WLjSi3wfJQdS&index=13 ; https://www.youtube.com/watch?v=Dyw0JSrXsb4&list=PLlJ5fC8oWkHlaFpeVBOP_WLjSi3wfJQdS&index=14

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    1. Olá Ana Isabel! Muito obrigada pelas contribuições para essa discussão. Adorei os vídeos, especialmente o segundo, no qual o Ricardo Araújo comenta sobre o filme dos sapos e como a própria cineasta teve humor para rir da repercussão esdrúxula do aumento de vendas de sapos nas lojas para assustar ciganos. Gostei muito da sua visita aqui no blog. Volte sempre! Bjos!

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